Abelcet é um concentrado para suspensão para perfusão estéril, apirogéneo de anfotericina B incorporada num complexo de dois fosfolípidos. A anfotericina B é um antibiótico antifúngico poliénico macrocíclico de largo espectro produzido pelo Streptomyces nodosus. A parte lipofílica da anfotericina B permite que as moléculas do fármaco formem complexos com os fosfolípidos numa estrutura em forma de fitas.
A substância ativa é anfotericina B.
Os outros componentes são: dimiristoilfosfatidilcolina (DMPC), dimiristoilfostatidilglicerol (DMPG), cloreto de sódio e água para preparações injetáveis.
Qual o aspecto de Abelcet e conteúdo da embalagem
Abelcet apresenta-se na forma de concentrado para suspensão para perfusão contendo 5,0 mg de anfotericina B por ml, 100 mg por frasco, em frascos de 20 ml (100 mg, 100.000 UI de anfotericina B) o qual deve ser diluído com solução de dextrose a 5,0% em água e administrado por perfusão endovenosa lenta.
Embalagem contendo: 10 frascos para injectáveis de 20 ml de Abelcet 10 agulhas filtro
10 folhetos informativos Titular da Autorização de Introdução no Mercado
Teva Pharma – Produtos Farmacêuticos Lda.
Lagoas Park, Edificio 5-A, Piso 2,
2740-245 Porto Salvo, Portugal
Fabricante:
Teva Pharmaceuticals Europe B.V.
Swensweg 5
2031 GA Haarlem
Holanda
Merckle GmbH
Graf-Arco-Str. 3 89079 Ulm Alemanha
Millmount Healthcare Limited Block-7, City North Business Campus, Stamullen, Co. Meath, K32 YD60 Irlanda
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A informação que se segue destina-se apenas aos médicos e aos profissionais de saúde:
Propriedades farmacocinéticas
Em Abelcet a anfotericina B apresenta-se sob a forma de um complexo fosfolipídico. As propriedades farmacocinéticas de Abelcet e da anfotericina B convencional são diferentes. Os estudos de farmacocinética em animais mostraram que, após a administração de Abelcet, os níveis de anfotericina B são superiores no fígado, baço e pulmões. A anfotericina B de Abelcet é rapidamente distribuída pelos tecidos. A razão das concentrações do fármaco nos tecidos e no sangue aumenta desproporcionadamente com o aumento da dose, sugerindo que a eliminação deste pelos tecidos é lenta.
Os dados de estudos em animais mostraram, igualmente, que após a administração de Abelcet se obtêm picos plasmáticos mais elevados e tempos de semi-vida em circulação mais prolongados, que os encontrados com iguais quantidades de anfotericina B convencional. Após a administração de anfotericina B convencional os níveis tecidulares são muito mais baixos do que após a administração de Abelcet.
Contudo, em cães, a anfotericina B produz concentrações renais 20 vezes mais elevadas do que quando se administra a mesma dose de Abelcet.
O quadro seguinte mostra os resultados dos estudos farmacocinéticos efetuados com Abelcet em doentes com Leishmaníase mucocutânea e na dose de 5,0 mg/kg/dia:
Dose (mg/kg/dia) | 5,0 |
Pico plasmático Cmax (mg/ml) | 1,7 |
Área sob a curva tempo-concentração AUCO-24 (mg.hr/ml) | 9,5 |
Depuração (ml/h/kg) | 211,0 |
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APROVADO EM
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09-04-2021
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INFARMED
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Volume de distribuição Vd (1)
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2286,0
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Semivida T1/2 (h)
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173,4
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A rápida depuração e a elevada distribuição de Abelcet resultam numa AUC relativamente baixa, o que está de acordo com os dados pré-clínicos que mostraram concentrações elevadas nos tecidos. A cinética de Abelcet não é linear e a AUC aumenta proporcionalmente com a dose.
Os pormenores da distribuição tecidular e do metabolismo de Abelcet nos seres humanos e os mecanismos responsáveis pela reduzida toxicidade, não foram ainda totalmente compreendidos. Estão disponíveis os seguintes dados de uma necropsia num doente que faleceu após transplante cardíaco e que recebeu uma dose de 5,3 mg/kg de Abelcet, durante 3 dias consecutivos imediatamente antes da morte:
Órgão Concentração de Abelcet nos tecidos expressa em anfotericina B em mg/kg Baço
Pulmão
Fígado
Rins
Gânglio linfático Coração 290,0 222,0 196,0 6,9 7,6 5,0
Cérebro 1,6
Microbiologia
A anfotericina B, substância antifúngica ativa de Abelcet, pode ser fungistática ou fungicida dependendo da sua concentração e da suscetibilidade dos fungos. O fármaco atua ligando-se ao ergosterol da membrana celular do fungo levando a alterações na permeabilidade da membrana, com consequente saída de iões e morte celular. As membranas celulares das células dos mamíferos contêm, igualmente, esteróis, o que poderia provocar toxicidade, mas como a anfotericina B tem maior afinidade para o ergosterol da célula do fungo do que para o colesterol das células humanas, isso não se verifica.
A anfotericina B é ativa in vitro contra muitos fungos patogénicos, incluindo Candida spp., Cryptococcus neoformans, Aspergillus spp., Mucor spp., Sporothrix schenckii, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis e Histoplasma capsulatum. A maioria das estirpes são inibidas por concentrações de anfotericina B de 0,03-1,0 mg/ml. A anfotericina B tem pouca ou nenhuma atividade contra bactérias ou vírus. A actividade de Abelcet contra fungos patogénicos in vitro é comparável à da anfotericina B. Contudo, a atividade de Abelcet in vitro não significa atividade no hospedeiro infetado.
Posologia e Modo de Administração
Posologia
Para o tratamento de infeções sistémicas graves, a dose diária recomendada é 5,0 mg/kg dada como perfusão única e a duração do tratamento deverá ser de, pelo menos, 14 dias. Abelcet deverá ser administrado por perfusão endovenosa lenta numa velocidade de 2,5 mg/kg/hora. Quando se inicia o tratamento pela primeira vez com Abelcet recomenda-se administrar uma dose teste imediatamente antes da primeira perfusão. A primeira perfusão deve ser preparada de acordo com as instruções e deverá administrar-se 1 mg por perfusão endovenosa durante cerca de 15 minutos. Após esta administração suspende-se a perfusão e o doente deve ser cuidadosamente vigiado durante os 30 minutos seguintes. Se o doente não revelar quaisquer sinais de hipersensibilidade dever se á continuar com o tratamento. Tal como para todos os outros derivados de anfotericina B, quando se administra Abelcet pela primeira vez devem ter-se preparadas medidas de reanimação cardiopulmonares, devido à possibilidade de reações anafiláticas. Abelcet foi administrado durante um período de 28 meses com uma dose cumulativa de anfotericina B de 73,6 g, sem toxicidade significativa.
População pediátricaUtilização em doentes pediátricos
As infeções fúngicas sistémicas foram tratadas com eficácia em crianças de um mês até aos 16 anos de idade. As doses usadas são comparáveis às doses recomendadas para adultos com base em kg de peso.
Utilização em doentes idosos
Não está indicada qualquer alteração em relação à dose inicial sugerida. Recomenda- se monitorização da função renal (ver Advertências e precauções especiais de utilização e Efeitos secundários possíveis).
Utilização em doentes diabéticos
Abelcet pode ser administrado a doentes diabéticos.
Não está indicado qualquer ajuste da dose inicial sugerida. Recomenda-se monitorização da função renal (ver Advertências e precauções especiais de utilização)
Utilização em doentes com insuficiência renal ou hepática
As infeções fúngicas sistémicas foram tratadas com eficácia com Abelcet em doentes com insuficiência renal ou hepática, devendo no entanto a função renal e hepática ser cuidadosamente monitorizadas. As doses usadas foram comparáveis às doses recomendadas com base em kg de peso (para mais informações ver Advertências e precauções especiais de utilização).
Modo de administração
Abelcet é um concentrado para suspensão para perfusão estéril apirogéneo, para ser usado diluído e administrado por perfusão intravenosa.
Contraindicações
Abelcet está contraindicado em doentes com hipersensibilidade conhecida a qualquer um dos seus componentes, a não ser que, na opinião do médico, o benefício da utilização do produto compense o risco de hipersensibilidade.
Advertências e precauções especiais de utilização
Reações de hipersensibilidade relacionadas com a perfusão
As reações adversas relacionadas com a perfusão (como dor abdominal, náuseas, vómitos, mialgia, prurido, erupção maculopapular, febre, hipotensão, choque, broncospasmo, insuficiência respiratória) registadas após a administração de Abelcet foram geralmente ligeiras ou moderadas, registando-se predominantemente durante os primeiros 2 dias de administração. Pode ser administrada pré-medicação (i.e. paracetamol) para prevenir os efeitos adversos relacionados com a perfusão.
Infeção fúngica sistémica
Abelcet não deve ser administrado para tratamento de infeções fúngicas superficiais ou comuns clinicamente assintomáticas que apenas são detetáveis por testes cutâneos ou serológicos.
Doentes com insuficiência renal
Abelcet deve ser utilizado com precaução em doentes com insuficiência renal e/ou hepática.
Podem ocorrer reações adversas semelhantes às reações associadas à anfotericina B convencional, embora menos graves. Deve ser dispensada especial atenção a doentes que estão a fazer medicamentos nefrotóxicos concomitantemente com Abelcet. Nestes doentes a função renal deve ser cuidadosamente monitorizada. Não são necessárias precauções específicas quando se administra Abelcet a doentes idosos.
A avaliação da função renal mostrou que durante o tratamento com Abelcet esta permanece estável ou melhora. Assim, em doentes com infeções sistémicas fúngicas graves e com contraindicação à anfotericina B convencional, verificou-se que, ao fazerem Abelcet, a creatinina sérica média diminuiu de 174,4 mmol/l para 130,0 mmol/l após 6 semanas de tratamento. No subgrupo de doentes com níveis de creatinina sérica igual ou superior a 221,0 mmol/l, a creatinina sérica média diminui de 341,2 mmol/l no início do tratamento para 192,7 mmol/l após 6 semanas de tratamento. Foi demonstrado que a disfunção renal desenvolvida durante o tratamento com anfotericina B convencional, estabilizou ou melhorou durante um tratamento subsequente com Abelcet.
Doentes idosos
Não são necessárias precauções específicas quando se administra Abelcet a doentes idosos.
Doentes com insuficiência hepática
Foram tratados com Abelcet doentes com insuficiência hepática recorrente devido a infeção, a doença enxerto vs hospedeiro, ou outras patologias hepáticas ou sob administração de medicamentos hepatotóxicos. Nos casos em que a bilirrubina, a fosfatase alcalina ou as transaminases séricas aumentaram, estavam presentes outros fatores para além de Abelcet que possivelmente contribuíram para estes valores alterados. Estes fatores incluíram infeções, hiperalimentação, medicamentos hepatotóxicos concomitantes e doença enxerto vs hospedeiro.
Utilização em doentes sujeitos a hemodiálise e hemofiltração
Abelcet pode ser administrado a doentes sujeitos a diálise ou hemofiltração apenas depois desta terminada. No entanto, se a condição do doente assim o exigir, Abelcet pode ser administrado durante a diálise ou a hemofiltração. Os níveis séricos de potássio e magnésio devem ser regularmente monitorizados.
Abelcet só deve ser administrado a grávidas ou mulheres em fase de aleitamento apenas em caso de risco de vida, quando o benefício exceda o risco para a mãe e para o feto.
Preparação da suspensão para perfusão
Antes da administração, retirar o concentrado para suspensão para perfusão do frigorífico e aguardar até que atinja a temperatura ambiente. Agitar suavemente até não haver vestígios de resíduo amarelo no fundo do frasco. Retirar a dose adequada necessária de Abelcet dos frascos com uma ou mais seringas estéreis utilizando uma agulha 17 a 19 G. Retirar a agulha de cada seringa cheia de Abelcet e substituir pela agulha com filtro de 5 micra incluída na embalagem. Inserir num frasco de dextrose a 5% em água e esvaziar o conteúdo da seringa exercendo pressão manual. Cada agulha provida de filtro só pode ser utilizada para filtrar o conteúdo de um frasco e para cada novo frasco deve ser utilizada uma outra agulha. A concentração final da perfusão deve ser de 1 mg/ml. Para os doentes pediátricos e para os doentes com doenças cardiovasculares o medicamento pode ser diluído com dextrose a 5,0 % em água, para uma concentração final de 2 mg/ml. Não utilizar a substância depois de diluída, se houver a menor suspeita de substâncias estranhas. As técnicas assépticas têm de ser cuidadosamente respeitadas no manuseamento de Abelcet, dado a ausência de qualquer bacteriostático ou conservante. A perfusão é administrada com maior eficácia através de uma bomba de perfusão.
NÃO DILUIR EM SOLUÇÕES SALINAS NEM MISTURAR COM OUTROS FÁRMACOS OU ELETRÓLITOS
A compatibilidade de Abelcet com estas substâncias não foi ainda estabelecida.
Se já existir uma veia canalizada esta deverá ser lavada com uma solução de dextrose a 5% em água, antes da perfusão de Abelcet ou então deverá ser utilizada uma outra veia.