Penicilina Atral é um antibiótico utilizado para tratar infecções causadas por bactérias sensíveis à substância activa deste medicamento: benzilpenicilina potássica.
Penicilina Atral é utilizado no tratamento de:
- infecções das vias respiratórias superiores;
- infecções das vias respiratórias inferiores;
- infecções da pele e dos tecidos moles;
- infecções intra-abdominais por Clostridium;
- infecções ósseas, nomeadamente na osteomielite aguda e crónica;
- meningites;
- septicemias;
- endocardite e pericardite;
- outras infecções, nomeadamente: tétano, actinomicose, antrax, leptospirose, listeriose, doença de Lyme grave, difteria e pasteurelose.
- complicações secundárias à gonorreia e à sífilis (por exemplo, a artrite gonocócica ou endocardite, sífilis congénita e neurossífilis).
2. ANTES DE UTILIZAR PENICILINA ATRAL
Não utilize Penicilina Atral
APROVADO EM 03-11-2010 INFARMED
-se tem alergia (hipersensibilidade) à substância activa ou a qualquer outro componente de Penicilina Atral
-se tem alergia (hipersensibilidade) a cefalosporinas.
Tome especial cuidado com Penicilina Atral
- se apresenta outras alergias adicionais; face ao risco acrescido de reacções de hipersensibilidade graves, informe o seu médico de antecedentes de hipersensibilidade a outros alergenos
- se apresenta insuficiência renal; o seu médico irá proceder ao ajuste de dose necessário
- se apresenta insuficiência hepática, particularmente se estiver associada a insuficiência renal; o seu médico irá proceder ao ajuste de dose necessário.
Penicilina Atral pode provocar efeitos adversos graves. Estes incluem reacções alérgicas e inflamação do intestino grosso. Deve estar atento a estes sintomas enquanto estiver a utilizar Penicilina Atral (ver Secção 4. Efeitos secundários possíveis).
Se for fazer análises sanguíneas ou análises à urina (para determinação da glucose), informe o médico ou enfermeiro que está a utilizar Penicilina Atral, uma vez que este medicamento pode afectar os resultados deste tipo de análises.
Ao utilizar Penicilina Atral com outros medicamentos
Informe o seu médico ou farmacêutico se estiver a tomar ou tiver tomado recentemente outros medicamentos, incluindo medicamentos obtidos sem receita médica.
Em particular, alerte o seu médico, caso esteja a tomar os seguintes medicamentos:
- probenecide,
- salicilatos,
- fenilbutazona,
- indometacina,
- sulfonamidas (sulfifenazol, sulfinpirazona),
- antibióticos bacteriostáticos (cloranfenicol, eritromicina, sulfonamidas ou tetraciclinas),
- metotrexato.
Penicilina Atral pode diminuir a eficácia dos contraceptivos orais, pelo que deve usar um método alternativo de contracepção enquanto estiver a utilizar este medicamento.
Gravidez e aleitamento
Consulte o seu médico ou farmacêutico antes de tomar qualquer medicamento.
Penicilina Atral apenas deve ser utilizado durante a gravidez, se o seu médico o considerar necessário.
A benzilpenicilina é excretada no leite humano. Consulte o seu médico, para saber se a amamentação deve ser descontinuada durante a terapêutica com Penicilina Atral.
Condução de veículos e utilização de máquinas
Este medicamento não afecta a capacidade de condução de veículos ou o uso de máquinas.
Informações importantes sobre alguns componentes de Penicilina Atral
Penicilina Atral 1 M.U.I. Fó para solução injectável
APROVADO EM 03-11-2010 INFARMED
Cada frasco contém 1,6 mmol (63 mg) de potássio. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com função renal diminuída ou em doentes com ingestão controlada de potássio.
Cada frasco contém menos do que 1 mmol (23 mg) de sódio, ou seja, é praticamente “isento de sódio”.
Penicilina Atral 20 M.U.I. Fó para solução injectável
Cada frasco contém 32,2 mmol (1259,6 mg) de potássio. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com função renal diminuída ou em doentes com ingestão controlada de potássio.
Cada frasco contém 5,3 mmol (122 mg) de sódio. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com ingestão controlada de sódio.
3. COMO UTILIZAR PENICILINA ATRAL
Não administre este medicamento a si próprio. Uma pessoa qualificada, como um médico ou enfermeiro, administrar-lhe-á este medicamento.
A dose e a via de administração devem ser determinadas tendo em consideração a gravidade da infecção, sensibilidade do microrganismo e condição clínica do doente.
Posologia normal
Grupo etário | Posologia normal | Frequência |
Recém-nascidos (durante a 1a semana de vida) | Peso inferior a 2Kg: 50.000 U.I./Kg/dia Peso superior a 2Kg: 75.000 U.I./Kg/dia | 2 doses separadas 3 doses separadas |
Recém-nascidos entre 1a semana de vida e 4a semana de vida | Peso inferior a ,2Kg:50.000U.L./Kg/dia Peso entre 1,2 e 2Kg:75.000U.I./Kg/dia Peso superior a 2Kg:100.000U.I./Kg/dia | 2 doses separadas 3 doses separadas 4 doses separadas |
Crianças com idade entre o 1° mês de vida e os 12 anos de idade, com peso corporal < 30Kg | 50.000 U.I./Kg/dia | 4 - 6 doses separadas |
Adultos e adolescentes com idade superior a 12 anos, com peso corporal > 30Kg | 1 M.U.I./ dia - 5 M.U.I./ dia | 4 doses separadas |
Idosos | 1 M.U.I./ dia - 5 M.U.I./ dia | 4 doses separadas |
Recomendações especiais de posologia
Adultos
Endocardite (associada a infecção por Enterococcus)
APROVADO EM 03-11-2010 INFARMED
18 – 30 M.U.I./ dia, administradas por perfusão intravenosa contínua ou divididas em 6 tomas administradas por via intravenosa, cada 4 horas, paralelamente à administração de gentamicina (3mg/Kg/dia, em 3 doses). O tratamento deve ser mantido durante 4 – 6 semanas.
Endocardite (associada a infecção por Streptococci viridans, S. bovis)
12 – 18 M.U.I./ dia, administradas por perfusão intravenosa contínua ou divididas em 6 tomas administradas por via intravenosa, cada 4 horas, durante 4 semanas.
Durante as duas primeiras semanas de tratamento, é recomendada a administração paralela de gentamicina (3mg/Kg/dia, em 3 doses).
Meningite (associada a infecção por Neisseria meningitidis)
24 M.U.I./ dia; 2 M.U.I., administradas por via intramuscular, cada 2 horas. O tratamento deve ser mantido durante pelo menos 10 – 14 dias.
Antrax (contaminação natural)
8 – 12 M.U.I./ dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas.
Para tratamento de Antrax em contexto de bioterrorismo, devem ser consultadas recomendações específicas emitidas por “US Centers for Disease Control and Prevention” e “US Working Group on Civilian Biodefense”.
Difteria
300.000 – 400.000 U.I./ dia, em tomas separadas, administradas por via intramuscular, cada 4 – 6 horas.
Listeriose
15 – 20 M.U.I./ dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas. O tratamento deve ser mantido durante 2 ou 4 semanas, consoante se observem meningites ou endocardites associadas à infecção por Listeria, respectivamente.
Infecções por Clostridium sp
20 M.U.I./ dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas.
Actinomicose
Doença torácica e abdominal: 10-20 M.U.I./ dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas. Este tratamento intravenoso deve ser seguido de tratamento com penicilina V oral durante 6 a 12 meses.
Infecções por Fusobacterium sp
5 – 10 M.U.I./ dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas.
Neurosífilis
18 – 24 M.U.I./ dia, administradas por perfusão intravenosa contínua ou divididas em 6 tomas administradas por via intravenosa, cada 4 horas, durante 10 a 14 dias. É recomendada terapia adicional com benzilpenicilina benzatínica, corrrespondente a 3 doses, na dosagem de 2.400.000 U.I. por semana.
Para tratamento de manifestações cardíacas da Doença de Lyme, 18 – 24 M.U.I./ dia, divididas em 6 tomas administradas por via intravenosa, de 4 horas em 4 horas, durante 14 a 21 dias. No
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caso da doença ser manifestada por meningite ou radiculopatia, poderá ser necessário prolongar este tratamento até 28 dias.
População pediátrica
Endocardite (associada a infecção por estreptococos e meningococos)
150.000 – 300.000 U.I./Kg /dia, divididas em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas; a duração do tratamento varia em função do microrganismo causador e tipo de infecção.
Endocardite (associada a infecção por Streptococci viridans, S. bovis)
250.000 U.I./Kg/dia, divididas em 6 tomas, administradas cada 4 horas, durante 4 semanas.
Meningite (associada a infecção por estreptococos do grupo B)
Recém-nascidos durante a 1ª semana de vida: 250.000 – 450.000 U.I./Kg/dia, divididas em 3 doses diárias, administradas por via intravenosa.
Recém-nascidos após a 1ª semana de vida: 450.000 U.I./Kg/dia, divididas em 4 doses diárias, administradas por via intravenosa.
Meningite (associada a infecção por Streptococcus pneumoniae)
250.000 – 450.000 U.I./Kg/dia, divididas em 4 – 6 doses diárias, administradas por via intravenosa.
Antrax (contaminação natural)
100.000 – 150.000 U.I./Kg /dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas.
Para tratamento de Antrax em contexto de bioterrorismo, devem ser consultadas recomendações específicas emitidas por “US Centers for Disease Control and Prevention” e “US Working Group on Civilian Biodefense”.
Difteria
100.000 – 150.000 U.I./Kg/dia, divididas em 4 doses diárias, administradas por via intravenosa, durante 14 dias (quando utilizada paralelamente à antitoxina da difteria).
Sífilis congénita
Recém-nascidos (durante a 1ª semana de vida):100.000 – 150.000 U.I./Kg/dia, administradas em doses de 50.000 U.I./Kg, de 12 horas em 12 horas, durante os primeiros 7 dias de vida, alterando o intervalo de dosagem para 8 horas em 8 horas, entre o 8º e 10º dias de vida.
Crianças após 1º mês de vida: 200.000 – 300.000 U.I./Kg/dia, administradas em doses de 50.000 U.I./Kg, cada 4 – 6 horas, durante 10 dias.
200.000 – 400.000 U.I./Kg/dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas, durante 14 – 28 dias.
Para tratamento de manifestações cardíacas graves da Doença de Lyme, 200.000 – 400.000 U.I./Kg/dia, em 6 – 4 tomas, administradas cada 4 – 6 horas, durante 14 – 21 dias.
Não deve ser ultrapassada a dose máxima diária de 18 – 24 M.U.I..
Duração do tratamento
A duração do tratamento varia de acordo com a evolução da doença. Tal como com a antibioterapia em geral, a administração da benzilpenicilina deve continuar por um período mínimo de 48-72 horas após o desaparecimento da febre ou evidência de erradicação bacteriana.
APROVADO EM 03-11-2010 INFARMED
Insuficiência renal
Face à baixa toxicidade da benzilpenicilina, geralmente só é necessária a redução da dose em caso de insuficiência renal grave.
Depuração da creatinina (ml/ min) | Dose/ Intervalo de dosagem |
< 10 | Dose de carga completa, seguida de 50% da dose de carga, cada 8 - 10 horas |
> 10 | Dose de carga completa, seguida de 50% da dose de carga cada 4 - 5 horas |
Insuficiência hepática
A dose apresentada no quadro anterior deve ser reduzida, se a insuficiência renal grave estiver associada a doença hepática.
Se utilizar mais Penicilina Atral do que deveria
É pouco provável que lhe seja administrada uma dose excessiva deste medicamento, mas se pensa que lhe foi administrado mais Penicilina Atral do que deveria, fale imediatamente com o seu médico ou farmacêutico.
Caso se tenha esquecido de utilizar Penicilina Atral
Em caso de omissão de uma dose de Penicilina Atral, a mesma deverá ser administrada tão cedo quanto possível.
Se parar de utilizar Penicilina Atral
O seu médico determinará a duração do tratamento. Não pare a administração de Penicilina Atral mesmo que se sinta melhor.
Caso ainda tenha dúvidas sobre a utilização deste medicamento, fale com o seu médico ou farmacêutico.
4. EFEITOS SECUNDÁRIOS POSSÍVEIS
Como todos os medicamentos, Penicilina Atral pode causar efeitos secundários, no entanto estes não se manifestam em todas as pessoas.
Os sinais a que deve estar atento incluem:
Reacções alérgicas
- Erupções cutâneas
- Febre e dores articulares
- Inchaço, por vezes da face ou boca (angioedema), que provoca dificuldade em respirar Contacte o seu médico imediatamente se tiver alguns destes sintomas.
Inflamação do intestino grosso
Inflamação do intestino grosso, provocando diarreia líquida normalmente com sangue e muco, dores no estômago e/ou febre.
APROVADO EM 03-11-2010 INFARMED
Contacte o seu médico tão cedo quanto possível para aconselhamento se tiver algum destes sintomas.
Outros efeitos secundários:
Frequentes (podem afectar até 1 em 10 pessoas):
Reacções alérgicas (ver “Os sinais a que deve estar atento”)
Pouco frequentes (podem afectar até 1 em 100 pessoas):
Inflamação do intestino grosso (ver “Os sinais a que deve estar atento”)
Efeitos secundários raros (podem afectar até 1 em 1000 pessoas):
- reacções alérgicas potencialmente fatais (choque anafiláctico)
- efeitos neurotóxicos: reflexos exagerados, contracção rápida e involuntária de músculo(s), convulsões e coma, na terapia com dosagens elevadas
- alteração do teor normal de electrólitos nos fluidos corporais, na terapia com dosagens elevadas
- afecções dos rins, presença de albumina, cilindros urinários e sangue na urina; na terapia com dosagens elevadas, pode surgir diminuição ou ausência da produção diária de urina
- na administração intramuscular a lactentes, podem surgir reacções locais graves.
Efeitos secundários muito raros (afectam menos de 1 em 10.000 pessoas), que podem surgir em análises sanguíneas:
- aumento de um tipo particular de glóbulos brancos (eosinófilos)
- diminuição de alguns tipos particulares de glóbulos brancos (leucócitos, granulócitos)
- diminuição do número de glóbulos vermelhos
- diminuição do número de células sanguíneas envolvidas na coagulação
Frequência desconhecida:
- no tratamento de doentes com sífilis, observa-se a Reacção de Jarisch-Herxheimer caracterizada por febre, arrepios e mal-estar geral
- inflamação do fígado (hepatite)
- paragem da passagem da bílis na vesícula biliar (colestase)
Se algum dos efeitos secundários se agravar ou se detectar quaisquer efeitos secundários não mencionados neste folheto, informe o seu médico ou farmacêutico.