Classificação farmacoterapêutica: 12.2.8. Corretivos da volémia e das alterações eletrolíticas. Corretivos das alterações hidroelectrolíticas. Outros.
Código ATC: B05BB01
As soluções polielectrolíticas são utilizadas como fontes de eletrólitos e água, para hidratação ou como agentes alcalinizantes. As soluções polielectrolíticas contendo fontes de hidratos de carbono são utilizadas com fonte de calorias.
Assim, as soluções eletrolíticas são utilizadas para corrigir distúrbios do equilíbrio hidroelectrolítico. Os principais fatores envolvidos na homeostase são a manutenção do volume sanguíneo e do equilíbrio osmótico, o equilíbrio ácido- base e os efeitos dos iões específicos.
Os efeitos osmóticos das soluções podem ser expressos em termos de osmolalidade a qual é definida como concentração “molal” em moles (ou osmoles) por kg de solvente, ou em termos de osmolaridade que é a concentração molar em moles (ou osmoles) por litro de solução.
Na prática clínica, as concentrações de solutos são medidas por litro de solução e são expressas em milimoles (mmol) por litro.
A concentração de vários eletrólitos no plasma é crítica para o funcionamento próprio das células, especialmente as dos tecidos excitáveis. O equilíbrio próprio
APROVADO EM 13-03-2020 INFARMED
de vários iões é complexo, dependendo não só da concentração do fluido extracelular (no qual o plasma é um compartimento), mas também da concentração intracelular, sendo a velocidade de passagem na membrana celular um fator essencial, e da relação de um ião tipo com outro. Assim, as concentrações plasmáticas de eletrólitos constituem só um indicador pouco preciso do estado eletrolítico do paciente, sendo necessários frequentemente outros estudos para determinar as verdadeiras necessidades em eletrólitos.
Certos eletrólitos, como por exemplo o cálcio e o fosfato são também elementos estruturais nos tecidos duros (ossos, dentes, etc.) e podem ser utilizados com este propósito.
As soluções polielectrolíticas fornecem suplementos de eletrólitos e água, para hidratação. As soluções polielectrolíticas contendo hidratos de carbono (glucose, frutose, açúcar invertido, álcool) também fornecem calorias; as soluções contendo precursores de bicarbonato (acetato, citrato, lactato), constituem agentes alcalinizantes. As soluções polielectrolíticas podem induzir a diurese, dependendo das condições clínicas individuais.
Cloreto de Sódio
O cloreto de sódio é utilizado para o tratamento da depleção de volume extracelular, desidratação e depleção de sódio.
Os efeitos adversos incluem hipertensão, edema e efeitos gastrointestinais. A administração excessiva conduz a hipernatremia com desidratação dos órgãos, particularmente do cérebro.
O corpo contém cerca de 4mol de sódio (cerca de 40 a 60mmol de sódio por kg de peso corporal), do qual aproximadamente 40% é encontrado no esqueleto.
O sódio é o principal catião no fluido extracelular (a concentração normal varia entre 135 a 145 mmol/l) e é o principal componente osmótico no controlo do volume sanguíneo.
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organismo pode adaptar-se a um intervalo largo de concentrações por ajustamento da excreção renal através de fatores físicos e hormonais. A perda pela pele só é significativa se ocorrer transpiração excessiva.
Em climas temperados, a quantidade de sódio (sob a forma de cloreto de sódio) necessária para um adulto, é cerca de 70mmol por dia e esta quantidade pode ser fornecida pelo sal presente na alimentação. - sódio intervém principalmente no controlo da distribuição da água, no equilíbrio hidroelectrolítico e na pressão osmótica dos fluídos do corpo. O sódio está também associado com o cloreto e o bicarbonato na regulação do equilíbrio ácido-base.
- cloreto, o principal anião extracelular, acompanha de perto a disposição fisiológica do sódio e alterações no equilíbrio ácido-base do corpo são refletidas na concentração sérica de cloreto.
Cloreto de Potássio
Os sais de potássio são utilizados para o tratamento de hipocaliémia e estados de deficiência em potássio; são utilizados também profilaticamente.
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A administração intravenosa pode causar dor ou flebite no local da injeção. As quantidades excessivas de sais de potássio podem provocar hipercaliémia.
O potássio é um eletrólito essencial. É o principal catião do fluido intracelular e é essencial na manutenção do equilíbrio ácido-base, isotonicidade e características eletrodinâmicas da célula. O Potássio é um importante ativador em muitas reações enzimáticas e é essencial em vários processos fisiológicos incluindo a transmissão de impulsos nervosos, contração dos músculos cardíacos, liso e esquelético, secreção gástrica, função renal, síntese tecidual e metabolismo dos hidratos de carbono.
O corpo contém cerca de 2,8 a 3,5 mol de potássio (cerca de 40 a 50mmol de potássio por kg de peso corporal), do qual aproximadamente 95% é intracelular. A concentração normal de potássio no fluido intracelular e plasma é cerca de 150 e 3,5 a 5,5 mmol por litro, respetivamente. A concentração de potássio no plasma não é a maior parte das vezes uma indicação segura das reservas totais do organismo.
A maior parte do potássio da dieta é absorvido no trato gastrointestinal. O potássio é excretado principalmente na urina com alguma eliminação fecal. Ao contrário do sódio, a capacidade renal para conservar o potássio é pobre, mesmo quando existe depleção severa.
Cloreto de Cálcio
Os sais de cálcio são utilizados principalmente para o tratamento de hipocalcémia e nos estados de deficiência em cálcio.
As quantidades excessivas de sais de cálcio podem causar hipercalcémia.
A administração parenteral pode causar reações locais no local da injeção e calcificação dos tecidos moles.
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo e é um eletrólito essencial.
A homeostase é principalmente regulada pela hormona para-tiroidica, pela calcitonina e pela forma ativada da vitamina D.
O cálcio é um catião importante e é essencial para a manutenção da integridade funcional dos sistemas nervoso, muscular e esqueleto, da membrana celular e da permeabilidade capilar.
O cálcio é um importante ativador em muitas reações enzimáticas e é essencial em vários processos fisiológicos, incluindo a transmissão de impulsos nervosos, contração dos músculos cardíaco, liso e esquelético, função renal, respiração e coagulação do sangue. O cálcio também tem um papel regulador no armazenamento e libertação de neurotransmissores e hormonas, na mobilização de aminoácidos e na absorção de cianocobalamina (vit. B12) e secreção gástrica.
O corpo contém cerca de 1200g de cálcio (ou 300 a 500mmol por kg de peso corporal), do qual aproximadamente 99% se encontra no esqueleto.
A concentração normal de cálcio no plasma é entre 2,15 a 2,60 mmol por litro. Existe uma relação inversa entre a concentração de cálcio e de fosfato.
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A quantidade de cálcio absorvida varia, dependendo de vários fatores, incluindo as necessidades do organismo, mas é normalmente só cerca de 30% das quantidades contidas na dieta.
A quantidade de cálcio na dieta necessária para um adulto é de aproximadamente 700 a 800mg (17,5 a 20mmol) por dia; algum deste não é utilizado devido à baixa absorção gastrointestinal e excreção.
Lactato de Sódio
Acetatos como o acetato de sódio, citratos como o citrato de potássio ou citrato ácido de sódio e lactatos como o lactato de sódio, são metabolizados, após absorção, em bicarbonato.
Os bicarbonatos provenientes de sais são agentes alcalinizantes utilizados em várias situações.
O bicarbonato é utilizado para o tratamento de acidose metabólica.
A administração excessiva de bicarbonato pode causar alcalose metabólica.